Urticária Crônica: Quando as Erupções Voltam Sempre
A urticária persistente é uma condição crônica caracterizada por erupções recorrentes que voltam ao longo de semanas ou meses. Essas manchas avermelhadas ou da cor da pele aparecem de forma súbita, causam coceira intensa e geralmente desaparecem em até 24 horas, apenas para reaparecer em outras áreas do corpo.
Embora a maioria das pessoas associe a urticária a alergias, a forma recorrente geralmente não é desencadeada por alérgenos externos. De fato, muitos pacientes com urticas recorrentes não apresentam nenhuma alergia óbvia.
Causas
A urticária não é uma reação cutânea passageira. Talvez você tenha encostado em algo, comido alguma coisa diferente ou esteja sentindo estresse. A erupção desaparece, e a vida segue. Mas e quando elas continuam voltando?
Quando os medicamentos antialérgicos comuns não ajudam, pode ser um caso de urticária crônica — e possivelmente um sinal de algo mais complexo acontecendo no organismo.
Possíveis causas incluem:
- Atividade autoimune, em que o sistema imunológico ataca células da pele
- Infecções virais ou bacterianas
- Inflamação crônica
- Mudanças hormonais
- Fatores externos como calor ou frio
Em casos menos comuns, podem ser um indicativo de doenças raras como:
Granulomatose Eosinofílica com Poliangeíte (EGPA)
Um tipo raro de vasculite que causa urticária persistente, asma severa, sinusite e
pólipos nasais.
. Na EGPA, o sistema imunológico ataca os vasos sanguíneos, causando inflamação generalizada. O diagnóstico precoce é essencial para prevenir danos sérios a órgãos.
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Granulomatose Eosinofílica com Poliangeíte
.
Síndrome da Vasculite Urticariforme Hipocomplementêmica (HUVS)
Condição incomum em que o sistema imunológico provoca inflamação em pequenos vasos sanguíneos, gerando urticas que duram mais de 24 horas. Está associada a baixos níveis de proteínas do complemento no sangue. Alguns pacientes também apresentam dores articulares, problemas renais ou respiratórios.
Síndromes Periódicas Associadas à Criopirina (CAPS)
Grupo de doenças genéticas raras em que o sistema de controle da inflamação do corpo não funciona adequadamente. Os sintomas incluem erupções semelhantes à urticária, febre, dores articulares e problemas oculares. As crises podem ser desencadeadas pelo frio e frequentemente começam na infância.
Mastocitose Sistêmica
Distúrbio raro em que ocorre acúmulo excessivo de mastócitos (um tipo de célula imunológica) no corpo. Essas células liberam substâncias como a histamina, provocando urticas crônicas, rubor, problemas gastrointestinais e até reações alérgicas graves. Os gatilhos podem incluir certos alimentos, variações de temperatura ou estresse.
Alfa-Triptasemia Hereditária
Condição genética em que o corpo possui cópias extras do gene que produz a triptase, substância liberada pelos mastócitos. Isso pode causar urticas, rubor, problemas digestivos e, às vezes, tontura ou pressão baixa. Os sintomas costumam ocorrer em vários membros da mesma família.
Síndrome de Schnitzler
Distúrbio inflamatório muito raro caracterizado por urticas crônicas, febre, dor óssea e fadiga. Está associado a uma proteína no sangue chamada gamopatia monoclonal. Sem tratamento, pode evoluir para condições mais graves, como a amiloidose.
Doenças Autoimunes da Tireoide
O hipotireoidismo de Hashimoto e a Doença de Graves são condições em que o sistema imunológico ataca a glândula tireoide. Embora afetem principalmente energia, peso e humor, algumas pessoas também apresentam urticas de longa duração. Tratar a disfunção da tireoide pode melhorar os sintomas de pele.
Essa ampla variedade de possibilidades mostra por que uma avaliação médica cuidadosa é essencial.
O que Acontece no Organismo Durante uma Crise de Urticária Crônica?
A urticária envolve os mastócitos da pele, que liberam histamina e outras substâncias químicas. Isso causa os sintomas típicos:
- Inchado e vermelhidão
- Coceira ou sensação de queimação
- Pápulas ou placas elevadas que surgem e desaparecem de forma imprevisível
Quando o paciente tem urticária crônica ou decorrente de condições autoimunes, os mastócitos podem se tornar hiperreativos, liberando histamina sem um gatilho externo claro. Há também casos em que os autoanticorpos podem estimular diretamente essa liberação.
Reconhecendo os sintomas
A urticária recorrente costuma seguir um padrão reconhecível, mas frustrante. Os pacientes relatam com frequência:
- Lesões vermelhas e inchadas que aparecem de repente
- Coceira que piora à noite ou com calor
- Urticas que duram algumas horas, desaparecem e surgem em outro lugar
- Crises sem motivo aparente
- Inchaço em lábios, pálpebras, mãos ou pés (angioedema)
Esses sintomas podem persistir quase diariamente por semanas ou meses, afetando o sono, a concentração e o bem-estar emocional. Se ocorrerem junto a outros sinais incomuns, pode ser necessário um exame mais aprofundado.
Tipos de urticária crônica
Esta condição se manifesta de duas formas diferentes:
1. Urticária Crônica Espontânea
- Ocorre sem motivo aparente
- Geralmente relacionada à condições autoimunes
- Pode durar meses ou mesmo anos
2. Urticária Crônica Induzida
- Desencadeada por estímulos físicos ou ambientais.
- Os mais comuns são:
- Pressão ou fricção da pele
- Frio ou calor
- Atividade física ou estresse
- Exposição à luz solar ou água
Muitas vezes, pacientes podem manifestar os dois tipos, o que dificulta o diagnóstico e o tratamento.
Urticária crônica tem cura?
Não existe uma cura para esta condição, mas podemos contar com tratamentos eficientes.
As opções incluem:
- Anti-histamínicos não sedativos, às vezes em doses mais altas que o habitual
- Os antagonistas dos receptores de leucotrienos são frequentemente utilizados no tratamento da asma.
- Bloqueadores H2, como complemento aos anti-histamínicos
- As terapias biológicas, como o omalizumabe, são especialmente eficazes nas formas autoimunes.
- Os corticosteroides de curto prazo são usados com cautela durante crises graves.
- Imunossupressores, se houver confirmação de doença autoimune
A escolha do tratamento depende da gravidade dos sintomas, do histórico do paciente e da presença de outras condições imunológicas. Havendo suspeita, busque orientação médica. Nunca inicie um tratamento por conta própria, pois pode ser perigoso para sua saúde. A automedicação deve ser evitada, pois pode ser prejudicial à saúde. Portanto, se você suspeitar de urticária crônica, é importante procurar atendimento médico.
O que acontece se eu não tratar a urticária?
Embora não seja fatal, a urticária recorrente sem tratamento pode afetar muito a qualidade de vida. As crises contínuas podem levar a:
- Desconforto constante e privação de sono
- Dificuldades no trabalho ou na escola
- Ansiedade e estresse emocional
- Perda de diagnóstico de doenças graves subjacentes
O tratamento precoce e o diagnóstico adequado ajudam a reduzir o impacto a longo prazo e a identificar problemas de saúde relacionados.
O que fazer em caso de suspeita
Se você apresenta urticas recorrentes e os tratamentos habituais não funcionam, é importante levar os sintomas a sério. A urticária persistente pode ser mais do que uma reação da pele: pode ser um sinal do sistema imunológico de que algo mais profundo está acontecendo. Converse com seu médico.