Lúpus Eritematoso Sistêmico
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), comumente conhecido apenas como lúpus, é uma doença autoimune crônica classificada entre os distúrbios sistêmicos do tecido conjuntivo. Ele pode afetar múltiplos órgãos e sistemas, incluindo pele, rins, articulações, sistema cardiovascular, sistema nervoso e sistema hematopoiético (formador de células sanguíneas).
Se não for tratado ou for mal controlado, o LES pode levar a danos permanentes e, frequentemente, em múltiplos órgãos. A doença ocorre muito mais frequentemente em mulheres do que em homens. Um dos sintomas iniciais característicos é uma erupção facial em formato de borboleta sobre as bochechas e o nariz, que se tornou o símbolo da conscientização sobre o lúpus.

Sinais de Lupus
O lúpus pode afetar muitas partes do corpo, e seus sintomas geralmente aparecem de forma gradual. Sintomas comuns a serem observados incluem:
- Fadiga e fraqueza
- Dor e inchaço nas articulações
- Erupção facial em forma de borboleta sobre as bochechas e o nariz
- Febre sem causa aparente
- Queda de cabelo (alopecia não cicatricial)
- Úlceras na boca
- Sensibilidade à luz solar (fotossensibilidade)
- Hematomas ou sangramentos inexplicáveis
Como esses sintomas podem se sobrepor a outras condições, o reconhecimento precoce e a avaliação médica são essenciais para prevenir danos a órgãos e melhorar os desfechos a longo prazo.
Causas e Fatores de Risco
A causa exata do lúpus ainda é desconhecida, mas pesquisas mostram que ele se desenvolve em indivíduos geneticamente predispostos quando combinados a fatores ambientais ou biológicos. Estes podem incluir:
- Infecções
- Fatores hormonais (o estrogênio desempenha um papel na maior prevalência entre mulheres)
- Medicamentos (lúpus induzido por drogas)
- Fatores ambientais, como radiação ultravioleta (UV)
O lúpus não é herdado diretamente, mas a suscetibilidade genética aumenta o risco, especialmente se houver histórico familiar de doenças autoimunes.
Porque o diagnóstico precoce importa
Como o lúpus apresenta uma ampla gama de sintomas e pode imitar outras condições, o diagnóstico muitas vezes é atrasado. No entanto, o atraso no diagnóstico piora o prognóstico e torna mais difícil alcançar a remissão a longo prazo. O reconhecimento e o tratamento precoces são cruciais para:
- Prevenir danos irreversíveis aos órgãos
- Melhorar a qualidade de vida
- Reduzir crises (flares) e hospitalizações
- Prolongar a sobrevida
Diagnóstico
Na prática clínica, os médicos utilizam os critérios de classificação EULAR/ACR de 2019. O diagnóstico requer:
- Anticorpos antinucleares (ANA) positivos maior que >1:80 em células Hep-2 (necessário para classificação)
- Pontuação de pelo menos 10 pontos, com base em uma combinação de critérios clínicos e imunológicos
Critérios Clínicos:
- Febre acima de 38,3°C
- Queda de cabelo não cicatricial (alopecia)
- Úlceras na boca
- Convulsões, psicose ou delirium
- Pericardite aguda ou derrame pleural
- Baixa contagem de plaquetas (trombocitopenia) ou leucócitos (leucopenia)
- Envolvimento renal (proteinúria major que >0,5 g/dia)
É importante destacar que esses sintomas não precisam aparecer ao mesmo tempo — eles podem ocorrer em diferentes fases da doença.
Embora os critérios de classificação orientem o diagnóstico, o lúpus às vezes pode ser confirmado clinicamente mesmo sem o preenchimento de todos os critérios, refletindo a apresentação complexa e variável da doença.
Tratamento para Lupus
O LES exige cuidados multidisciplinares, com foco em sobrevida, proteção de órgãos, prevenção de crises e qualidade de vida.
Abordagens padrão:
- Agentes antimaláricos para a maioria dos pacientes sem contraindicações
- Glicocorticoides para controlar inflamação e atividade da doença
- Imunossupressores e agentes citotóxicos, utilizados conforme a gravidade e o envolvimento dos órgãos
Objetivos de Tratamento:
- Terapia imunossupressora intensiva no início da doença para prevenir danos irreversíveis
- Manejo a longo prazo para reduzir recidivas
- Tratamento de comorbidades (hipertensão, infecções, anemia, diabetes, miosite), comuns em pacientes com LES
Epidemiologia
A incidência global do lúpus eritematoso sistêmico é estimada entre 0,5 e 30 casos por 100.000 pessoas por ano, com maior prevalência em mulheres em idade fértil. O melhor reconhecimento das formas leves tem levado a um aumento nas taxas de diagnóstico em todo o mundo.