Quando a asma pode ser sintoma de doenças raras?
A asma é uma condição respiratória crônica que afeta as vias aéreas dos pulmões, provocando inflamação e estreitamento. Isso pode causar dificuldades para respirar, que variam de leves a potencialmente fatais. Embora a asma possa surgir em qualquer fase da vida, ela geralmente começa na infância e requer controle ao longo de toda a vida.
Este artigo aborda as causas, sintomas, opções de tratamento, a relação da asma com doenças raras comoGEPA (Granulomatose Eosinofílica com Poliangiite) e estratégias de manejo a longo prazo.
O que é asma brônquica?
A asma é uma condição em que as vias respiratórias se estreitam e inflamam, produzindo muco em excesso. Isso desencadeia sintomas como tosse, chiado no peito, aperto no tórax e falta de ar. Para algumas pessoas, a asma pode ser apenas um incômodo leve, mas para outras, pode interferir nas atividades diárias e até causar crises graves.
Estima-se que cerca de 20 milhões de brasileiros convivam com a asma,incluindo crianças e adultos. Essa condição representa aproximadamente 10% da população nacional e é considerada a doença crônica mais comum no país. [1]
A causa exata da asma ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que resulte de uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Entre os gatilhos mais comuns da asma estão:
- Alérgenos como pólen, mofo, pelos de animais e ácaros
- Poluentes do ar e irritantes como fumaça e vapores químicos
- Infecções respiratórias
- Atividade física, especialmente em clima frio (asma induzida por exercício)
- Ar frio
- Estresse e emoções intensas
- Alguns medicamentos, como aspirina ou betabloqueadores
Pessoas com histórico familiar de asma ou alergias têm maior risco de desenvolver a condição.
Estatísticas Globais
A asma é um problema significativo de saúde global. Segundo a Global Initiative for Asthma (GINA):
- NosEstados Unidos, cerca de 25 milhões de pessoas vivem com asma atualmente [2].
- Na Europa, estima-se que a asma afete mais de 30 milhões de adultos e crianças,com com prevalência variando entre 5 e 10% dependendo do país [3].
- Na América Latina, países como Brasil, México e Argentina relatam prevalência de 10 e 20% em crianças, geralmente relacionado à poluição do ar e acesso limitado à saúde. [4]
Reconhecendo os Sintomas
Os sintomas da asma podem variar de pessoa para pessoa e incluem:
- Falta de ar
- Aperto ou dor no peito
- Chiado ao respirar
- Tosse, especialmente à noite, de manhã cedo ou durante exercícios
Algumas pessoas podem apresentar sintomas raramente, enquanto outras têm sintomas quase todos os dias. Crises graves de asma exigem atenção médica imediata.
Asma e GEPA
A asma é mais do que uma condição respiratória comum. Em casos raros, pode ser uma manifestação precoce da Granulomatose Eosinofílica com Poliangiite (GEPA), uma doença rara que inclui uma forma de vasculite que afeta vasos sanguíneos pequenos e médios.
De acordo com Groh et al. (2015) a EGPA quase sempre começa com asma, especialmente em adultos com formas de início tardio ou resistentes ao tratamento [5]. No contexto da GEPA, a asma é tipicamente não alérgica e eosinofílica, ou seja, não é desencadeada por alérgenos e envolve níveis elevados de um tipo específico de glóbulo branco chamado eosinófilo.
O NIH Genetic and Rare Diseases Information Center (GARD) informa que, conforme a doença progride, ela pode causar inflamação sistêmica, danos a órgãos e outros sintomas como sinusite, erupções cutâneas e neuropatia [6].
Reconhecer a ligação entre asma e GEPA é fundamental, especialmente quando a asma vem acompanhada de níveis elevados de eosinófilos ou não responde à terapia padrão. O risco de EGPA é mais relevante em pacientes cuja asma é difícil ou impossível de controlar com tratamento convencional.
Em muitos casos, a EGPA é precedida por anos de asma grave ou de início tardio, que pode não melhorar mesmo com medicamentos inalatórios em altas doses ou biológicos. A detecção precoce e a intervenção podem impactar significativamente os resultados para o paciente.
Opções de Tratamento
Não há cura para a asma, mas ela pode ser gerenciada efetivamente com medicamentos e ajustes no estilo de vida. As opções de tratamento para asma geral, conforme a Mayo Clinic são:
1. Medicações
- Medicamentos para controle a longo prazo: incluem corticosteroides inalados (ex.: fluticasona, budesonida), modificadores de leucotrienos e beta-agonistas de longa duração (LABAs).
- Medicamentos para alívio rápido (resgate): beta-agonistas de curta duração (SABAs), como albuterol, usados para aliviar rapidamente os sintomas durante uma crise asmática.
- Biológicos: para asma grave, podem ser prescritas terapias biológicas, como omalizumabe ou mepolizumabe.
2. Monitoramento e Estilo de Vida
- Uso de medidor de pico de fluxo para acompanhar a função respiratória
- Evitar gatilhos conhecidos
- Cessação do tabagismo
- Exercício regular dentro da tolerância individual
3. Plano de Ação para Asma
Os pacientes são incentivados a trabalhar com seu profissional de saúde para desenvolver um plano de ação personalizado para asma. Este plano descreve o manejo diário e como reconhecer e lidar com a piora dos sintomas [7].
4. Tratamento para GEPA
Quando a asma está relacionada à GEPAo tratamento foca no controle da doença autoimune subjacente — não apenas nos sintomas da asma. Isso porque a EGPA causa inflamação nos vasos sanguíneos de todo o corpo, não somente nos pulmões. Tratar a doença como um todo, com medicamentos sistêmicos como corticosteróides ou imunossupressores, é essencial para evitar danos a outros órgãos, como nervos, pele, coração ou rins. Como resultado, os sintomas da asma geralmente melhoram conforme a inflamação geral é controlada.
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Referências:
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC). “Asthma.” https://www.cdc.gov/asthma/most_recent_national_asthma_data.htm
- Centers for Disease Control and Prevention (CDC). “Asthma Prevalence US 2023.” https://www.cdc.gov/asthma/asthma-prevalence-us-2023-508.pdf
- Eurostat. “ Finland: EU country with highest share of asthmatics” 2021 https://ec.europa.eu/eurostat/web/products-eurostat-news/-/edn-20210924-1#:~:text=In%202019%2C%20asthma%20affected%20almost,and%20France%20(both%208%25).
- Cooper PJ, Figueiredo CA, Rodriguez A, et al. Understanding and controlling asthma in Latin America: a review of recent research informed by the SCAALA programme. Clin Transl Allergy. 2023;e12232. https://doi.org/10.1002/clt2.12232
- Groh M, Pagnoux C, Baldini C, et al. Eosinophilic granulomatosis with polyangiitis (Churg–Strauss): evolution of disease classification, current diagnostic and treatment approaches. Eur J Intern Med. 2015 Sep;26(7):545-53: https://doi.org/10.1016/j.ejim.2015.04.022
- NIH Genetic and Rare Diseases Information Center (GARD). “Eosinophilic Granulomatosis with Polyangiitis.” https://rarediseases.info.nih.gov/diseases/8865/eosinophilic-granulomatosis-with-polyangiitis
- Mayo Clinic “Asthma, Diagnosis and Treatment” https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/asthma/diagnosis-treatment/drc-20369660